Pelas areis da estrada, com as pernas quase bambas
Um despotismo de gente, vinha cantando seu samba
E fazia la um grande berreiro.
E quem puxava a instruvanca era o mané cachaceiro.
O mais grande dos violeiros que em todo sertão se via.
Era assim que ele cantava e o seu canto assim dizia:
Diz os veio de outras era que quando o São João sentia
Saudade de Jesus Cristo e da virgem Maria....
Se agarrava logo na viola, p’ra matá sua sodade e sua
malinculia.
Antosse arguns apóstolos, assombrando com o istruviu
Cada um com seu pé de verso cantava um desafio.
A mãe de Cristo chorava. E as água que derramava da fonte do
coração
Caia nas corda bamba da viola de São João.
Por via disso, que o pinho, este instrumento sem Riva
Quando se põe-se chorando, se põe a gente a chorá.
E foi aí nesse festeiro que eu vi o Chico sambeiro
Um sambadô sem segundo, porém feio, mais tão feio
Que toda gente dizia que era o homem mais feio
Que Deus boto neste mundo.
Tinha a cara de preguiça, Cabeça de mano veio e pescosso de
aribú.
A boca quando se ria taqualmente parecia a boca de um
canguru.
Tinha uma barriga de sapo e um naris impopocado figurava um
genipapo.
Os braço? Era tal e qual os braços sirigaitado de um veio
tamanduá.
Os zoio? dois birimbau e as perna fina figurava as perna de
um pic-pau.
O homem tinha um queijo de capivara com dois bigodão por
riba
que quase tampava a cara.
Os cabelo surupim era sem tirá nem pô, cabelo de porco
espim.
E então p’ra findá: O homem tinha os dedos de gambá,
Os ombros redondo e chato e os pé, que nem pé de pato.
Inda mais p’ra cumpretá aquela feiúra e girigumança de
pagode
O homem quando se ria: Era um cavalo rinchado.
E quando suava, tinha oroma de bode.
A pois, este raboeiro, este orrive lubisome,
Mais feio que a fome, mais feio que o demo inté.
Quanro as pernas sacudia, sambando nargum banzé.
Ele enfeitiçava as violas e apaixonava as muié.
E então trazia todas caboclas, como se fosse um capacho
Debaixo das duas sola do pé.
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