ESPÍRITO AVENTUREIRO
Como dizia o nosso amigo
e fiel colaborador da Família Laender, Mário Baiano : "Ôh chente! A vida
de Julenda dá p’ra escrever um rumance ". E eu, Jorge Edim, tenho o prazer de
figurar em algumas páginas sobre as quais farei um breve resumo.
Em 1979, eu morava na
Fazenda Parateca no Município de Carinhanha – BA, bem longe da minha terra
natal, Teófilo Otoni – MG. Numa bela manhã, dentre os sons dos machados e as
cantigas dos madeireiros, ouvimos o barulho característico do avião, CESNA 182 -
SKYLANE prefixo ISK, que se aproximava.
Paramos o trabalho,
saímos da mata para uma clareira e ficamos observando o avião que começou a
voar em círculo e cada vez mais baixo. Vimos quando abriu uma das janelinhas e
lançaram alguma coisa, que caiu não muito longe de onde estávamos, corremos
para pega-la. Era uma garrafa de vidro presa a um envelope bem grande, dentro
dela havia um bilhete. Enquanto o lia, o avião continuava dando voltas sobre
nossas cabeças. O bilhete dizia:
" Esperamos você no
Aeroporto de Cuiabá - MT, no balcão da Companhia Scala Taxi Aéreo, na Quarta-
feira, próximo dia 15. Dentro do envelope tem dinheiro suficiente para você
saldar quaisquer compromissos financeiros que você tenha por aqui, e para as
despesas da viagem. Abraço, Dr. Júlio Laender e Joaquim Maurício".
Só depois que olhei para
cima e levantei a mão direita com o sinal de OK é que o avião rumou para o
poente.
Malvino, que era meu
braço direito, afirmou de pronto: Já Viiiu ! ? Num vai não, Jorge! Isto num
pode ser coisa boa, pois dinheiro num cai do céu atoa. Pode saber que esta
empreitada é brava.
Meu espírito aventureiro
sorria, e diante da oportunidade de prosseguir, nenhum argumento conseguiria me
fazer desistir. Dois dias depois, numa madrugada de lua clara, Deus e eu subimos
, numa lanchinha com motor Everudy 25, 120 Km do Rio São Francisco em plena cheia de
1979 até a cidade de Matias Cardoso. E no dia 15 de março , quarta-feira da
Semana Santa encontrava-me com Júlio Laender, Joaquim Maurício e o comandante
Edmundo “Massa Fina” no Aeroporto de Cuiabá donde decolamos rumo a Alta
Floresta onde fomos Pioneiros desbravadores. Lá sentimos na pele, a dura
realidade do isolamento, da incerteza, da insegurança, da saudade, da
brutalidade, da sensação de caça, da obrigação de caçador e do limite da força
de trabalho que experimentaram os nossos antepassados que reverenciamos agora
nesta árvore genealógica.
Belo Horizonte, 26 de
julho de 2011-07-26
Categories:
Genealogia,
Orígem e Histórias