Apeia do carro, Seu Moço,Vem cá.
Vem conhecê meu chão.
Vem vê de perto a natureza
Adonde Deus criô a beleza,
Quando fez este Sertão.
Senta in riba dos arrêio
Desse macho marchadô.
Mai, vamo andá de vagazin,
Amód nóis vê as fulô, no camin,
Donde brinca a beja-frô.
Já vem ropeno a aurora,
A Natureza disperta.
O chêro gostoso de mato,
As água clara do regato
Faiz a abertura da festa.
É o cantá do sabiá,
O piá da juriti,
O grito da maracanã,
Sodano alegre a manhã
Tomém canta um bem-ti-vi.
E um ristin de sereno
Ainda cai lá do céu.
Tem cerração lá na serra
E a mata tudo se incerra
Na brancura deste véu.
Nas paióça, a fumacinha
Sobe pelas chaminé.
Na sala, na camarinha,
Vem chegano da cuzinha
Um chêro fote, de café.
É logo ali que eu moro, óia,
Naquela casa branquinha.
A muié já tá de pé.
Já fez um bule de café
Qui é pa nóis tomá
Cum farinha.
Tem um queijo bem curado,
Tem broa de fubá,
Tem mandioca, tem batata,
Um leite gordo e com nata,
Já veio lá do currá.
Já cumeu? Tá sastifeito?
Antão... vem comigo pu terrêro.
Eu vô aguá minhas prantinha,
Vô tratá das minha galinha
E dos porco, no chiqueiro.
Dispois,
Eu vô te mostrá meu mundo,
Adonde eu vivo cum prazê.
Vamo passá pelo pomá,
Óia, quanta fruta tem lá,
Cê quisé... pode cuiê.
Aqui fica nossa horta.
Tem legume, tem verdura,
Nosso paió tá chiin,
Tem de tudo um mucadin.
Nóis sempre gozô de fartura.
Pôco arriba da paiada,
Pricipia o cafezá.
Óia o povo trabaiano,
Tá tudo alegre, cantano,
Nem vê o tempo passá.
Iscuita: É a musga chorosa
De um carro de boi, a cantá.
Qui vem cum cana, pro ingên,
Qué dum canaviá queu tem,
Naquela virada de lá.
Chega cá perto da tacha,
Vem prová puxa batida,
É doce puro, sem mistura,
Tirado da cana pura,
Só faz bem pra nossa vida!
Garra a vara, o anzó,
Vamo lá no reberão?
Oi, lá tem cará, tem mandi,
Tem traíra, lambari,
Nóis pega pêxe de montão.
Agora, nóis pega esse arrastão,
Pra vê o mato de perto.
Inhantes qui uma mão criminosa
De gente má, gananciosa,
Faiz tudo virá um diserto.
Óia... Quanta parasita,
Carregadinha de fulô!
Rispira esse chêro gostoso
De tudo que Deus Poderoso
Pra dá pus home... criô.
Senta ai, nas fôia seca,
Qui cobre tudo esse chão.
Vem gozá a tranqüilidade,
Qui nun ixiste na cidade,
Foi feita só pro sertão.
Óia aí... a mina dágua,
Qui nasce no pé da serra!
Cê tá cum sede, meu patrão?
Bebe na concha da mão
A água qui nasce da terra.
Já é hora do armôço.
Vai na bica, lava as mão,
Pega o prato na misinha
Qui a cumida tá quentinha,
Tudo in riba do fugão.
Óia... tem um frango cum quiabo,
Um angu, bem amassado,
Tem arrôiz, côve rasgada,
Tem lingüiça, carne assada,
Um fejãozin bem temperado.
Agora, cê bebe um cafezin
E cende um cigarro de paia.
Vamo chegá na varanda,
Que ali, naquela banda,
Já tem uma rede de maia.
Enquanto essa rede balança,
Nóis podemo proziá.
Contá causo das boiada,
Lembrlá das coisa passada
Qui nunca mais vai vortá.
Dispois,
Nóis aparta os bizêrro
Qui tá junto da vacada.
Qué pra amanhã bem cidin
Tirá o leite fresquin,
Mód fazê queijo e cuaiada.
Vamo até na cachuêra,
Lavá o pó desse dia.
A água, tão limpa, tão pura,
Caino lá das artura,
Nos dá frescô... e aligria.
A tarde já vem chegano.
E, cum ela, a passarada.
Qui, com muita canturia
Vai dispidino do dia
Lá no meio da ramada.
Vamo garra na viola?
Tocá uma duas mudinha?
Senta aí, no dregau da iscada,
Prestatenção na tuada
E no são da violinha.
É hora da Ave Maria.
Pru favô, tira o chapéu.
Pela vida e pelo pão,
Vamo fazê uma oração,
Pra Nosso Deus,
Lá no céu.
Agora, nóis vai dispidi.
Perta essa mão calejada
De um trabaiadô da roça
Qui véve feliz, na paioça,
Nessa terra abençuada!
Vórta lá pra sua cidade.
Mas guarda essa beleza
De um mundo abeçuado,
Onde vive um povo honrado,
Que põe o pão... na sua mesa!
Vem vê de perto a natureza
Adonde Deus criô a beleza,
Quando fez este Sertão.
Senta in riba dos arrêio
Desse macho marchadô.
Mai, vamo andá de vagazin,
Amód nóis vê as fulô, no camin,
Donde brinca a beja-frô.
Já vem ropeno a aurora,
A Natureza disperta.
O chêro gostoso de mato,
As água clara do regato
Faiz a abertura da festa.
É o cantá do sabiá,
O piá da juriti,
O grito da maracanã,
Sodano alegre a manhã
Tomém canta um bem-ti-vi.
E um ristin de sereno
Ainda cai lá do céu.
Tem cerração lá na serra
E a mata tudo se incerra
Na brancura deste véu.
Nas paióça, a fumacinha
Sobe pelas chaminé.
Na sala, na camarinha,
Vem chegano da cuzinha
Um chêro fote, de café.
É logo ali que eu moro, óia,
Naquela casa branquinha.
A muié já tá de pé.
Já fez um bule de café
Qui é pa nóis tomá
Cum farinha.
Tem um queijo bem curado,
Tem broa de fubá,
Tem mandioca, tem batata,
Um leite gordo e com nata,
Já veio lá do currá.
Já cumeu? Tá sastifeito?
Antão... vem comigo pu terrêro.
Eu vô aguá minhas prantinha,
Vô tratá das minha galinha
E dos porco, no chiqueiro.
Dispois,
Eu vô te mostrá meu mundo,
Adonde eu vivo cum prazê.
Vamo passá pelo pomá,
Óia, quanta fruta tem lá,
Cê quisé... pode cuiê.
Aqui fica nossa horta.
Tem legume, tem verdura,
Nosso paió tá chiin,
Tem de tudo um mucadin.
Nóis sempre gozô de fartura.
Pôco arriba da paiada,
Pricipia o cafezá.
Óia o povo trabaiano,
Tá tudo alegre, cantano,
Nem vê o tempo passá.
Iscuita: É a musga chorosa
De um carro de boi, a cantá.
Qui vem cum cana, pro ingên,
Qué dum canaviá queu tem,
Naquela virada de lá.
Chega cá perto da tacha,
Vem prová puxa batida,
É doce puro, sem mistura,
Tirado da cana pura,
Só faz bem pra nossa vida!
Garra a vara, o anzó,
Vamo lá no reberão?
Oi, lá tem cará, tem mandi,
Tem traíra, lambari,
Nóis pega pêxe de montão.
Agora, nóis pega esse arrastão,
Pra vê o mato de perto.
Inhantes qui uma mão criminosa
De gente má, gananciosa,
Faiz tudo virá um diserto.
Óia... Quanta parasita,
Carregadinha de fulô!
Rispira esse chêro gostoso
De tudo que Deus Poderoso
Pra dá pus home... criô.
Senta ai, nas fôia seca,
Qui cobre tudo esse chão.
Vem gozá a tranqüilidade,
Qui nun ixiste na cidade,
Foi feita só pro sertão.
Óia aí... a mina dágua,
Qui nasce no pé da serra!
Cê tá cum sede, meu patrão?
Bebe na concha da mão
A água qui nasce da terra.
Já é hora do armôço.
Vai na bica, lava as mão,
Pega o prato na misinha
Qui a cumida tá quentinha,
Tudo in riba do fugão.
Óia... tem um frango cum quiabo,
Um angu, bem amassado,
Tem arrôiz, côve rasgada,
Tem lingüiça, carne assada,
Um fejãozin bem temperado.
Agora, cê bebe um cafezin
E cende um cigarro de paia.
Vamo chegá na varanda,
Que ali, naquela banda,
Já tem uma rede de maia.
Enquanto essa rede balança,
Nóis podemo proziá.
Contá causo das boiada,
Lembrlá das coisa passada
Qui nunca mais vai vortá.
Dispois,
Nóis aparta os bizêrro
Qui tá junto da vacada.
Qué pra amanhã bem cidin
Tirá o leite fresquin,
Mód fazê queijo e cuaiada.
Vamo até na cachuêra,
Lavá o pó desse dia.
A água, tão limpa, tão pura,
Caino lá das artura,
Nos dá frescô... e aligria.
A tarde já vem chegano.
E, cum ela, a passarada.
Qui, com muita canturia
Vai dispidino do dia
Lá no meio da ramada.
Vamo garra na viola?
Tocá uma duas mudinha?
Senta aí, no dregau da iscada,
Prestatenção na tuada
E no são da violinha.
É hora da Ave Maria.
Pru favô, tira o chapéu.
Pela vida e pelo pão,
Vamo fazê uma oração,
Pra Nosso Deus,
Lá no céu.
Agora, nóis vai dispidi.
Perta essa mão calejada
De um trabaiadô da roça
Qui véve feliz, na paioça,
Nessa terra abençuada!
Vórta lá pra sua cidade.
Mas guarda essa beleza
De um mundo abeçuado,
Onde vive um povo honrado,
Que põe o pão... na sua mesa!
Autor: Compadre Lemos
Categories:
Generalidades,
Poemas