Eu bebo sim !


Sostênio Tomich, estava em sua gleba de terras, fazenda Passárgada, no município de Alta Floresta-MT, em companhia de Júlio Carlos sommerlatt, que eu chamava de Barrabás. 

Naquela noite de forte tempestade, Sostênio, que havia parado de beber a alguns anos, estava com forte dor de cabeça e febre muito alta, enquanto Júlio Barrabás, que infelizmente voltara a beber, consumia uma garrafa de cachaça.

Apesar de muito amigos, Barrabás, já bêbado, negou-se a sair na chuva para buscar o remédio, anti-térmico, que estava na barraco do empreiteiro Nelson, que ficava a uns 70 metros da casa recém construída, de toras com telhado de taboinhas.

Não vendo outra alternativa, o doente enrolou-se em um pedaço de plástico, e xingando muito, enfrentou o aguaceiro para buscar o remédio. No barraco de lona preta, que o vento insistia em desmanchar e que estava vazio naquele final de semana, com todas as redes encharcadas, encontrou a novalgina e voltou correndo pra casa.

Júlinho, que ficara sozinho, movido pela cachaça, passou a tranca de madeira na porta, fechando-a por dentro, e enquanto o amigo doente, a esmurrava pedindo pelo amor de Deus que o deixasse entrar, descarregava a carabina magnum 357, no telhado e cantarolava; “Eu bebo sim, estou vivendo, tem gente que não bebe, está morrendo”.

Depois de um longo tempo, quando a caixa de balas esvaziou e Sostênio não sabia se escondia da chuva ou das balas, a porta se abriu e naquela casa, com o telhado todo furado de bala, que chovia mais dentro do que fora, começou uma grande discussão e xingatório entre o abstênio enfermo e o recaido embriagado, até que a febre e o álcool os obrigara a dormir.


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Jorge Nei Jamel Edim








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