Para se construir um patrimônio, principalmente começando do nada, é necessário saber, querer e gostar de não gastar dinheiro com supérfluo. Além de querer, saber e gostar de aplicar todo dinheiro que sobra, depois das despesas necessárias para uma vida digna e coerente com a renda atual.

Para viver comprando tudo que “acha” que tem direito,  sem considerar o valor das suas receitas,  é necessário patrimônio e/ou crédito. Como dinheiro não aceita abuso, a vida boa, em que o perdulário é só poder, só sorrisos e bajulações, está fadada a se transformar em um verdadeiro pesadelo, em que os protagonistas viverão com depressão psíquica, social e financeira, abandonados pelos ex-amigos e em companhia da vergonha, da insônia, do stress e dos cobradores,  que somados, minimizarão a capacidade de análise e de tomada de decisão  o que dificulta a retomada de uma vida normal.

Já que é matematicamente impossível viver gastando mais do que se ganha, sem adentrar no abismo financeiro, claro está que, você terá que enfrentar restrições drásticas depois que perder seu patrimônio e seu crédito.

Então, inspirado no meu amigo vaqueiro, João de Roque, que sempre me dizia: “Ruummm, meu causo eu penso é inhantes”,  chamo a atenção para a importância de ponderar as restrições agora, e viver com uma pitada saudável de humildade mantendo o patrimônio, o crédito, o respeito, a dignidade e o grande objetivo de desenvolvimento pessoal gradativo, que é o direito sagrado de todos que têm a mentalidade da fartura, e por tanto sabem da abundância de tudo para todos, a seu tempo.

Vejamos algumas dicas para os que preocupam com o equilíbrio financeiro:

a – Caso tenham dívidas, negocie, pechinche, troque um credor por outro com taxas mais em conta.

b – Sejam detalhistas em relação aos seus gastos pessoais, saibam onde cada centavo está investido. O respeito à unidade monetária é que te norteará na direção da sua liberdade financeira. 
Não esqueçam que 2 + 1 + ½  = 1.000

c – Sempre que compramos algo, atendemos às nossas necessidades,  aos nossos desejos incontroláveis ou às pressões competentes da propaganda. Para evitar os pecados financeiros, sempre que forem comprar alguma coisa utilizem o algoritmo do consumidor que indaga :

Você precisa?    Se a resposta sincera for NÃO, não compre.

Senão, pergunte-se:

Tenho o dinheiro?    Se a resposta sincera for NÃO, não compre.

Senão; pergunte-se:

E tem que ser agora?  Se a resposta sincera for NÃO, não compre

Senão PECHINCHE.

Obs: Se em todas as compras conseguirmos um desconto, no final do mês teremos angariado um salário!..

d – Lembrem-se que as dívidas de hoje, provavelmente serão as hipotecas de amanhã.

e - Assumam a responsabilidade de terem um fundo de  reserva para os momentos difíceis, aos quais, todos estão sujeitos. A poupança é o melhor destino dos pequenos valores, quase sempre desprezados. E na medida em que se acumula, deve migrar para aplicações mais rentáveis, sempre respeitando os níveis de riscos, e nas oportunidades do mercado devem ser transformada em bens de raiz que nos proporcionam além de segurança, alguma renda.


f – Sejam pragmáticos, os práticos percebem os diferentes significados de “valor”. Por exemplo: Um carro é referência de status, mas antes, é um meio de transporte. P´ra que comprar um veículo de valor acima da sua condição sócio-econômica? Você se deslocará com conforto, num carro que não te trará sacrifícios financeiros.

g – Sejam autoconfiantes, vivam toda a liberdade financeira sem as obrigações dos prisioneiros da opinião alheia. A personalidade não é forjada por posses, portanto não comprem as coisas para se sentirem “iguais” a determinadas pessoas. O que define o ponto de equilíbrio entre status e qualidade de vida é a segurança e não a aparência duvidosa de enriquecimento. Apliquem o que sobra e o dinheiro que iria para exibições, passa a trabalhar para vocês.

h – Repudiem o consumismo compulsivo, estejam sempre certos que 90% dos objetos adquiridos por estes dependentes, não são usados.

i – Sejam pacientes, esperem acumular o dinheiro necessário para uma determinada compra. Enquanto isto, conscientizem-se da necessidade e pesquisem sobre a qualidade e valor, buscando o melhor custo benefício. Sempre, quem tem pressa, come cru e paga juros.

j – Saibam conviver com os cartões de créditos, aproveitem os seus benefícios e praticidades, mas estejam atentos às suas armadilhas. Anotem cada compra, como se fossem pagas com dinheiro, ganhem o rendimento referente ao prazo e nunca deixem de pagar o valor total da fatura no vencimento da mesma. O preço do parcelamento é altíssimo.

k - Atentem para os obsessores vivos, pessoas aparentemente indefesas e carentes, com algum vínculo afetivo e até profissional que fazem com que vocês se sintam responsáveis pelas suas necessidades e até sobrevivência, passando a viver como verdadeiros parasitas. Tais encostos, via de regra, indiferentes às dificuldades dos provedores, aumentam as lamentações e as necessidades passando, às vezes, a gastar mais que os próprios obsediados.


                                          É como penso e faço...  
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É muito importante o recurso disponibilizado no site http://www.compareemcasa.com.br/  que auxilia os internautas a comparar os custos de um empréstimo nas mais diversas instituições financeiras do país.

Quando decidimos fazer um empréstimo pessoal temos sempre o mesmo costume de pesquisar somente o menor preço das parcelas e nunca saber um pouco mais sobre as taxas de juros e quando nos damos conta já é tarde e o tão sonhado empréstimo pode se tornar um pesadelo.

Com o grande aumento de empréstimos em todo o país, as taxas de juros são comuns nos cálculos, mas você precisa saber exatamente quais são as taxas que vão ser cobradas pelas instituições e as diferenças de valores em pagamentos mensais ou anuais e o valor total do empréstimo em cada uma das instituições financeiras do brasil. Você se surpreenderá com a variação do que é cobrado.

Todo o mês o Banco Central atualiza em seu site oficial uma lista com os bancos que cobram menos taxas de juros para crédito pessoal. Dessa forma, conseguir fazer um empréstimo pode ser menos trabalhoso, ainda mais se você fizer a sua simulação pelo  site compare em casa .

Pesquise, tire suas dúvidas, simule, analise , compare os preços na hora de tomar decisões sobre a compra de seguros de carro, finanças, empréstimos, cartões de crédito, hotéis e vôos.

                                                  Espero que seja útil...
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Planejar um orçamento pessoal e/ou familiar, nunca dependeu de grandes cálculos, muito menos de conhecimentos específicos. E as maiores chances de prosperar não estão com quem  nunca pensou a respeito.


Depende primeiramente, de abandonar a perniciosa “zona de conforto”, que afaga os perdulários satisfazendo seus desejos de consumidores contumazes e cria neles, convicções que atendem às suas conveniências em detrimento do raciocínio óbvio; A soma das despesas não pode ser maior que o valor das receitas.

É de suma importância reunir toda a sua família para discutir a real situação econômica e financeira, as idéias e objetivos, além de deixar claro que as atitudes para o equilíbrio financeiro não devem ser confundidas com miséria nem avareza. Esta conscientização é parte importante da educação familiar e a comunhão de todos gera uma força sinérgica que potencializará os resultados.

Em seguida, conscientes da abundância universal e munidos de vontade, disciplina e foco no objetivo de vida da família:

Faça uma lista das suas fontes de receitas com os devidos valores e outra das suas obrigações mensais, organizando-as de forma decrescente, em relação às suas prioridades.
Considere que em economia, a busca é sempre o superávit.

Pronto, você fez o esboço do seu orçamento. Considerando que todo planejamento sofre conseqüências de vários fatores que independem da nossa vontade é necessário saber administrá-lo.  

Comece imediatamente a anotar detalhadamente, todas as receitas recebidas com datas, discriminações e valores. O grande desafio é manter a regularidade e o aumento gradativo das mesmas.

Paralelamente, registre sistematicamente todas as despesas, desde as mínimas até as mais significativas, com datas, discriminações e valores. O desafio é não ferir o teto da economia, ou seja; manter o superávit.
Se você não sabe quanto ganha nem quanto e onde gasta, o seu caminho para o sucesso será muito tortuoso e difícil.

Não queira se transformar de repente, num “analista de mercado”, muito menos em “pai de santo” para adivinhar as incertezas do futuro. Atenha-se aos fatos.

Estas anotações de nada servem se não forem acompanhadas e analisadas para embasar as decisões de dedicar-se mais a determinadas fontes de receitas que se mostram estatisticamente mais favoráveis  e quando necessário, disciplinadamente, eliminar as despesas menos prioritárias.

Na busca deste equilíbrio, com o abandono de paradigmas dispensáveis e com o foco no superávit, você perceberá que pequenas mudanças nos hábitos de consumo podem melhorar muito sua situação financeira e conseqüentemente sua qualidade de vida.

Um planejamento sem um orçamento bem acompanhado nada mais é que um sonho. E um orçamento sem um planejamento compartilhado por todos do núcleo familiar não passa de uma planilha de despesas e receitas.


Transforme este exercício em um hábito saudável e faça com que suas obrigações e poupança caibam no seu bolso.

Mais importante do que aquilo que você obtém quando atinge um objetivo, é "aquilo em que você se torna".



                                              É como penso...




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Numa noite de São João,
na fazenda do Lagedão,
foi qui nós dois se topô.
Vancê tava mais formosa,
qui nem o cravo e a rosa
qui é a rainha das flô.


Vancê afitô meus oiá,
qui vei os meu se incontrá
e naquele instante e momento.
Eu sinti uma afrição
e um fogo no coração
qui me quemava tudo p’ro dentro.

Foi ai qui cumeçô
a história do nosso amô
qui muito cedo morreu.
Meu coração foi p’ra Lá,
o de vancê vei p’ra Ca
e nos dois se comprumeteu.

Vancê jurava p’ra mim,
que me tinha amô sem fim
e qui outro nunca quiria.
Vai, acontece, eu acreditei,
e nunca pois eu pensei
qui de mim vancê isquicia.

E sem um pingo de dó,
vancê dexô ficá só,
meu coração retaiado.
Um peito qui só viveu
qui teus anos padiceu
por este amo tão sagrado.

Mais vancê num foi curpada,
foi a sorte margurada
qui nois dois se separô.
Foi o povo mardizente
dessas língua de serpente
qui fez caba nosso amô.

Foi também as vaidade,
influênça da cidade,
foi o rujo, o batão.
Foi os vestido rendado,
as dança de baiado,
as modinha e os violão.
Vancê p’ra passiá,
nos club de dançá,
qui usa La p’ra cidade.
Aprendeu até dança suíno,
essa dança nova de argentino,
tuliça! só vaidade.

Aprendeu umas coisa feia,
anté raspá sombrancêia,
p’ra depois passá carvão.
Levava a vida cantando,
e nas unha só passando,
um lustro de vermeião.

Ela hoje se mudô,
nem pensa mais nos amô,
qui nos fez tanto chorá.
Passa p’ru mim nem conhece,
nem se lembra mais das prece,
qui fizemos p’ra casá.

Já se esqueceu dos bilhete,
das fulô, dos ramalhete,
da grinalda e do véu.
Com certeza ela queimô
ou no monturo ela jogô
o laço do meu chapéu.

Ta tudo pois terminado,
só me resta retratado
esse amô no coração.
Que nunca posso isquecê,
inté na hora de morrê,
do nosso amô de São João.

Foi se embora meus amô
e resta a cinza como vê.
Mais porém meu coração,
toda noite de São João,
inda bate p’ra vançê.

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Nossas crenças sobre o dinheiro afetam nossa capacidade de gerar riquezas e obter segurança financeira. Essas crenças formam um conjunto de idéias que chamamos de “mentalidade”. E cada um pode, a cada dia, através de gestos, afirmações verbais, reflexões e pensamentos positivos, atualizar a sua mentalidade de acordo com suas convicções e vontade.



O motivo de não podermos afirmar, quantas laranjas existem numa semente é que a resposta é INFINITO.  (Cada semente gera uma laranjeira que produzirá milhares de laranjas, que por suas vezes produzirão milhares de sementes e assim por diante, sempre de forma exponencial ). 

A mentalidade da fartura é exatamente a consciência da abundância infinita de tudo no universo, para todos. Portanto, assim que   transpirarmos esta convicção, inexistirá limites para nossas realizações, o que nos traz a segurança de que nada nos faltará, e nos leva a agradecer sempre, pelo que somos e temos.


A mentalidade da escassez é representada pelo medo do amanhã,  que transforma o indivíduo em um pedinte compulsivo, que vive a ditar para o universo, tudo aquilo de que está "necessitando" para ser feliz.

Sua mentalidade com relação ao dinheiro pode pender para a abundância ou para a escassez. Pessoas com mentalidade de abundância tendem a gerar riquezas com muita facilidade e, aos olhos dos outros, parecem “ter sorte”, ao passo que pessoas com mentalidade de escassez nunca conseguem sair do lugar, parecendo sempre atrair situações indesejáveis e jamais conseguindo prosperar financeiramente na vida.


Essa mentalidade supera o simples conhecimento. A teoria sobre como fazer dinheiro e como administrar suas finanças é, de fato, importante, mas uma pessoa com mentalidade de escassez jamais conseguirá usar esse conhecimento a seu favor. 


A pessoa com mentalidade de abundância, pelo contrário, pode perder repetidamente sua fonte de renda ou seus recursos, pois se recupera novamente, sem ajuda e sem “truques”. Donald Trump é um dos exemplos mais conhecidos por ter arruinado inúmeros negócios em diversas ocasiões ao longo de sua vida. Ele refez seu patrimônio, vivenciando o sucesso em número superior aos fracassos.


Sua mentalidade determina o que você aceita e não aceita em sua própria vida e, em termos práticos, você simplesmente não deixa entrar nada que não se enquadre com perfeição nos moldes que você criou para si mesmo.


Tanto em situações profissionais e financeiras quanto na vida pessoal. Quando algo acontece fora de sua esfera de conforto, ou seja, quando uma realidade qualquer ameaça sua própria noção de quem você é, você pode até se sentir entusiasmado e feliz
em um primeiro momento (quem não se sentiria assim com a oferta generosa?), mas a sensação de que “há algo errado” não demora a surgir e o processo de autossabotagem interno começa a boicotar a “nova” realidade para que as coisas voltem a ser como antes.


É por esse motivo que fortuna instantânea tende a durar pouco, seja um prêmio de loteria, uma herança ou mesmo o fruto do trabalho pessoal, como no caso de artistas e escritores que, de uma hora para outra, se veem em posse de um dinheiro que não faz parte de sua realidade.


O progresso em qualquer área da vida, não só com relação ao dinheiro, depende fortemente da atualização constante da mentalidade pessoal, que deve, aos poucos progredir e se adaptar ao cotidiano e a realidades cada vez melhores. Para tanto é importante abandonar paradigmas ancorados num passado que contradiz com o comportamento social do presente. Observem que quase todos são plenamente dispensáveis.


Para transcender a mentalidade de escassez é necessário perceber, admirar e agradecer de forma verdadeira, por tudo que temos e que somos, ao ponto de apreciar o milagre que representamos.

Agradeça o milagre de estar vivo, agradeça por seus órgãos, admire os recursos disponíveis para você, encante com a sua inteligência e capacidade de abstrair. precista em fixar-se no que tem e no que é, e iniba com todas as suas forças os pensamentos e sentimentos negativos. Encontre a cada dia, novas dádivas para para admirar e agradecer.

Pense com a consciência de que tudo será para uso temporário, e prepare-se, com um exercício diário, de não usura, para devolver cada uma delas para a circulação que garantirá a máxima da "abundância de tudo para todos".

Ora, se tudo em que fixamos é o que expande, logo, o caminho para livrar-se da escassez está correto.

Se você tem uma dívida e tem saúde e capacidade de  trabalhar. Fixe na saúde e na sua capacidade de produzir para que estas se expandam, caso contrário, você estará contribuindo para a expansão da dívida.

Quando você transpira a fartura de tudo para todos, você impulsiona a prosperidade de todos. Porém quando preocupa com a prosperidade de alguém, não tenha dúvida, você concorre para a expansão desta pessoa em detrimento da sua. Nunca esqueça do exercício diário da não usura. 


A pessoa presa na mentalidade de escassez, jamais consegue progredir financeiramente, nem sequer alguns passos além de onde ela já está.


                                          É como penso...
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Ser  mineiro é não dizer o que faz, nem o que vai fazer.

É fingir que não sabe aquilo que sabe.

É falar pouco e escutar muito.

É passar por bobo e ser inteligente.

É vender queijos e possuir bancos.


Um bom mineiro não laça boi com embira,

não dá rasteira no vento, não pisa no escuro, 

não anda no molhado,

não estiva conversa com estranhos, 

só acredita na fumaça quando vê o fogo, 

só arrisca quando tem certeza, não troca

um pássaro na mão por dois voando.


Ser mineiro é dizer UAI e ser diferente; 

É ter marca registrada, é ter história.

Ser mineiro é ter simplicidade e pureza,

humildade e modéstia, coragem e

bravura, fidalguia e elegância.


Ser mineiro é ver o nascer do sol e o brilhar da lua; 

É ouvir o cantar dos pássaros e o mugir do gado; 

É sentir o despertar do tempo e o amanhecer da vida.


Ser mineiro é ser religioso, conservador, 

cultivar as letras e as artes ; é ser poeta

e literato, é gostar de política e amar a

liberdade, é viver nas montanhas e ter vida interior.


José B. Queiroz
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 Em 1855, o cacique Seattle, da tribo Suquamish, do Estado de Washington, enviou esta carta ao presidente dos Estados Unidos (Francis Pierce), depois de o Governo haver dado a entender que pretendia comprar o território ocupado por aqueles índios. Faz mais de um século e meio. Mas o desabafo do cacique tem uma incrível atualidade. A carta:

    "O grande chefe de Washington mandou dizer que quer comprar a nossa terra. O grande chefe assegurou-nos também da sua amizade e benevolência. Isto é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não necessita da nossa amizade. Nós vamos pensar na sua oferta, pois sabemos que se não o fizermos, o homem branco virá com armas e tomará a nossa terra. O grande chefe de Washington pode acreditar no que o chefe Seattle diz com a mesma certeza com que nossos irmãos brancos podem confiar na mudança das estações do ano. Minha palavra é como as estrelas, elas não empalidecem.
Como pode-se comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal idéia é estranha. Nós não somos donos da pureza do ar ou do brilho da água. Como pode então comprá-los de nós? Decidimos apenas sobre as coisas do nosso tempo. Toda esta terra é sagrada para o meu povo. Cada folha reluzente, todas as praias de areia, cada véu de neblina nas florestas escuras, cada clareira e todos os insetos a zumbir são sagrados nas tradições e na crença do meu povo.
    Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um torrão de terra é igual ao outro. Porque ele é um estranho, que vem de noite e rouba da terra tudo quanto necessita. A terra não é sua irmã, nem sua amiga, e depois de exaurí-la ele vai embora. Deixa para trás o túmulo de seu pai sem remorsos. Rouba a terra de seus filhos, nada respeita. Esquece os antepassados e os direitos dos filhos. Sua ganância empobrece a terra e deixa atrás de si os desertos. Suas cidades são um tormento para os olhos do homem vermelho, mas talvez seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que nada compreende.
Não se pode encontrar paz nas cidades do homem branco. Nem lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o zunir das asas dos insetos. Talvez por ser um selvagem que nada entende, o barulho das cidades é terrível para os meus ouvidos. E que espécie de vida é aquela em que o homem não pode ouvir a voz do corvo noturno ou a conversa dos sapos no brejo à noite? Um índio prefere o suave sussurro do vento sobre o espelho d'água e o próprio cheiro do vento, purificado pela chuva do meio-dia e com aroma de pinho. O ar é precioso para o homem vermelho, porque todos os seres vivos respiram o mesmo ar, animais, árvores, homens. Não parece que o homem branco se importe com o ar que respira. Como um moribundo, ele é insensível ao mau cheiro.
Se eu me decidir a aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais como se fossem seus irmãos. Sou um selvagem e não compreendo que possa ser de outra forma. Vi milhares de bisões apodrecendo nas pradarias abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros disparados do trem. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais valioso que um bisão, que nós, peles vermelhas matamos apenas para sustentar a nossa própria vida. O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem os homens morreriam de solidão espiritual, porque tudo quanto acontece aos animais pode também afetar os homens. Tudo quanto fere a terra, fere também os filhos da terra.
    Os nossos filhos viram os pais humilhados na derrota. Os nossos guerreiros sucumbem sob o peso da vergonha. E depois da derrota passam o tempo em ócio e envenenam seu corpo com alimentos adocicados e bebidas ardentes. Não tem grande importância onde passaremos os nossos últimos dias. Eles não são muitos. Mais algumas horas ou até mesmo alguns invernos e nenhum dos filhos das grandes tribos que viveram nestas terras ou que tem vagueado em pequenos bandos pelos bosques, sobrará para chorar, sobre os túmulos, um povo que um dia foi tão poderoso e cheio de confiança como o nosso.
De uma coisa sabemos, que o homem branco talvez venha a um dia descobrir: o nosso Deus é o mesmo Deus. Julga, talvez, que pode ser dono Dele da mesma maneira como deseja possuir a nossa terra. Mas não pode. Ele é Deus de todos. E quer bem da mesma maneira ao homem vermelho como ao branco. A terra é amada por Ele. Causar dano à terra é demonstrar desprezo pelo Criador. O homem branco também vai desaparecer, talvez mais depressa do que as outras raças. Continua sujando a sua própria cama e há de morrer, uma noite, sufocado nos seus próprios dejetos. Depois de abatido o último bisão e domados todos os cavalos selvagens, quando as matas misteriosas federem à gente, quando as colinas escarpadas se encherem de fios que falam, onde ficarão então os sertões? Terão acabado. E as águias? Terão ido embora. Restará dar adeus à andorinha da torre e à caça; o fim da vida e o começo pela luta pela sobrevivência.
    Talvez compreendêssemos com que sonha o homem branco se soubéssemos quais as esperanças transmite a seus filhos nas longas noites de inverno, quais visões do futuro oferecem para que possam ser formados os desejos do dia de amanhã. Mas nós somos selvagens. Os sonhos do homem branco são ocultos para nós. E por serem ocultos temos que escolher o nosso próprio caminho. Se consentirmos na venda é para garantir as reservas que nos prometeste. Lá talvez possamos viver os nossos últimos dias como desejamos. Depois que o último homem vermelho tiver partido e a sua lembrança não passar da sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu povo continuará a viver nestas florestas e praias, porque nós as amamos como um recém-nascido ama o bater do coração de sua mãe. Se te vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Protege-a como nós a protegíamos. Nunca esqueça como era a terra quando dela tomou posse. E com toda a sua força, o seu poder, e todo o seu coração, conserva-a para os seus filhos, e ama-a como Deus nos ama a todos. Uma coisa sabemos: o nosso Deus é o mesmo Deus. Esta terra é querida por Ele. Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso destino comum."
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Colmar:

Primogênito, apaixonado pelos pais, de quem herdou a disciplina e com quem aprendeu o valor do trabalho.
Estudou em Teófilo Otoni, Belo Horizonte e Lavras onde conheceu Necésia, e com ela casou-se e viveu por 50 anos.

Líder nato, conservador, assumiu a administração das fazendas, ainda junto com o pai, enquanto os irmãos estudavam. Com a morte daquele, constituiu o condomínio “Colmar Laender & Outros” para o qual adotou, junto com os irmãos, quase sempre de forma pioneira, as técnicas modernas para o setor do agronegócio como: confinamentos, inseminação artificial, consorciação de gramíneas e leguminosas, com sementes ainda importadas, principalmente da Austrália.

Com grande consciência ambiental, reverteu como poucos, grande parte da renda das propriedades em adubação, calagem, preservação das reservas de matas e diversas outras técnicas da agrostologia ( Estudo das pastagens ) contemporânea, que garantem até hoje a sustentabilidade das fazendas. Em todos os anos o resultado sinérgico do seu trabalho com os irmãos contabilizou valores quantitativos e qualitativos, sempre positivos.

Experimentou, de maneira segura, expandir os negócios em Guanambi, no sudoeste da Bahia, com a pecuária de corte e o plantio de soja e algodão; em Itacarambi, no norte de Minas Gerais, com a pecuária de corte; em Santarém no rio Curuauna, no Pará, com a empresa de pecuária de corte “Só Boi” e, em Alta Floresta, no rio Apiacás, no norte do Mato Grosso, com o plantio de cacau.

Homem naturalmente bom, cauteloso, de temperamento forte e caráter inatacável, meu segundo pai, professor, espelho e orientador. Nas décadas de 1960 e 1970, acolheu-me em sua fazenda, como hóspede, amigo da família e menor aprendiz, e naquele ambiente, com seus ensinamentos, seus exemplos e sua vontade de me fazer grande, ao contrário de seguidor ou funcionário, pude perceber um significado que transcendia o labor, Aquela acolhida fez-me sentir que eu fazia parte de um objetivo maior que mera troca do suor pelo salário finito. E esses exemplos fincaram em mim o cerne do empreendedorismo, que levo para minha trajetória de vida. Por tudo isso sou eternamente grato.

Na década de 1980 o patrimônio foi dividido, de forma amigável, e cada irmão assumiu a administração do que lhe coube, e todos continuam cultuando o valor do trabalho, com o persistente combate à entropia, e o exercício do uso da boa técnica.

Hoje, em 2011, os irmãos Laender e seus familiares, contribuem para o PIB regional, com a produção superior a 10.000 litros de leite por dia, uma expressiva quantidade de arroubas de carne e um número considerável de matrizes de ótima genética que são vendidas para os demais criadores da região.

Link do perfil de Colmar:




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ESPÍRITO AVENTUREIRO


Como dizia o nosso amigo e fiel colaborador da Família Laender, Mário Baiano : "Ôh chente! A vida de Julenda dá p’ra escrever um rumance ". E eu, Jorge Edim, tenho o prazer de figurar em algumas páginas sobre as quais farei um breve resumo.


Em 1979, eu morava na Fazenda Parateca no Município de Carinhanha – BA, bem longe da minha terra natal, Teófilo Otoni – MG. Numa bela manhã, dentre os sons dos machados e as cantigas dos madeireiros, ouvimos o barulho característico do avião, CESNA 182 - SKYLANE prefixo ISK, que se aproximava.

Paramos o trabalho, saímos da mata para uma clareira e ficamos observando o avião que começou a voar em círculo e cada vez mais baixo. Vimos quando abriu uma das janelinhas e lançaram alguma coisa, que caiu não muito longe de onde estávamos, corremos para pega-la. Era uma garrafa de vidro presa a um envelope bem grande, dentro dela havia um bilhete. Enquanto o lia, o avião continuava dando voltas sobre nossas cabeças. O bilhete dizia:
" Esperamos você no Aeroporto de Cuiabá - MT, no balcão da Companhia Scala Taxi Aéreo, na Quarta- feira, próximo dia 15. Dentro do envelope tem dinheiro suficiente para você saldar quaisquer compromissos financeiros que você tenha por aqui, e para as despesas da viagem. Abraço, Dr. Júlio Laender e Joaquim Maurício".

Só depois que olhei para cima e levantei a mão direita com o sinal de OK é que o avião rumou para o poente.
Malvino, que era meu braço direito, afirmou de pronto: Já Viiiu ! ? Num vai não, Jorge! Isto num pode ser coisa boa, pois dinheiro num cai do céu atoa. Pode saber que esta empreitada é brava.

Meu espírito aventureiro sorria, e diante da oportunidade de prosseguir, nenhum argumento conseguiria me fazer desistir. Dois dias depois, numa madrugada de lua clara, Deus e eu subimos , numa lanchinha com motor Everudy 25, 120 Km do Rio São Francisco em plena cheia de 1979 até a cidade de Matias Cardoso. E no dia 15 de março , quarta-feira da Semana Santa encontrava-me com Júlio Laender, Joaquim Maurício e o comandante Edmundo “Massa Fina” no Aeroporto de Cuiabá donde decolamos rumo a Alta Floresta onde fomos Pioneiros desbravadores. Lá sentimos na pele, a dura realidade do isolamento, da incerteza, da insegurança, da saudade, da brutalidade, da sensação de caça, da obrigação de caçador e do limite da força de trabalho que experimentaram os nossos antepassados que reverenciamos agora nesta árvore genealógica.

Belo Horizonte, 26 de julho de 2011-07-26

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Eu bebo sim !

Sostênio Tomich, estava em sua gleba de terras, fazenda Passárgada, no município de Alta Floresta-MT, em companhia de Júlio Carlos sommerlatt, que eu chamava de Barrabás. 

Naquela noite de forte tempestade, Sostênio, que havia parado de beber a alguns anos, estava com forte dor de cabeça e febre muito alta, enquanto Júlio Barrabás, que infelizmente voltara a beber, consumia uma garrafa de cachaça.

Apesar de muito amigos, Barrabás, já bêbado, negou-se a sair na chuva para buscar o remédio, anti-térmico, que estava na barraco do empreiteiro Nelson, que ficava a uns 70 metros da casa recém construída, de toras com telhado de taboinhas.

Não vendo outra alternativa, o doente enrolou-se em um pedaço de plástico, e xingando muito, enfrentou o aguaceiro para buscar o remédio. No barraco de lona preta, que o vento insistia em desmanchar e que estava vazio naquele final de semana, com todas as redes encharcadas, encontrou a novalgina e voltou correndo pra casa.

Júlinho, que ficara sozinho, movido pela cachaça, passou a tranca de madeira na porta, fechando-a por dentro, e enquanto o amigo doente, a esmurrava pedindo pelo amor de Deus que o deixasse entrar, descarregava a carabina magnum 357, no telhado e cantarolava; “Eu bebo sim, estou vivendo, tem gente que não bebe, está morrendo”.

Depois de um longo tempo, quando a caixa de balas esvaziou e Sostênio não sabia se escondia da chuva ou das balas, a porta se abriu e naquela casa, com o telhado todo furado de bala, que chovia mais dentro do que fora, começou uma grande discussão e xingatório entre o abstênio enfermo e o recaido embriagado, até que a febre e o álcool os obrigara a dormir.


Link para o perfil de Júlio Carlos Sommerlatt


Link para o perfil de Sostenio Tomich


Jorge Nei Jamel Edim








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É Deus e a Mãe de Deus...

Numa madrugada comum, de um dia normal, saímos eu, Jorge Edim e  o finado Júlio Barrabás com destino à Fazenda Nova Jurema localizada  a 110 Km de Alta floresta-Mt ,na região de Paranaíta-MT. Naquela época, 1979, na estrada que rasgava na mata, tinha poucos pontos de referência. Depois de dirigir  60 Km, numa curva de 90 graus à direita, tinha o buteco do cearense,  que nos atendia a qualquer hora do dia ou da noite para vender, jabá, sardinha, mortadela e cachaça. Do lado esquerdo da estrada, 15 Km à frente, tinha uma serraria de um gaucho, que laminava a madeira para fazer compenssados. Passamos por ela já com os primeiros raios de luz. Uns dois km adiante, numa pequena descida, a estrada era cortada por um pequeno igarapé. Reduzi a velocidade, engrenei a segunda marcha e assim que as rodas dianteiras tocam a água ouvimos um estampido de carabina. Abrimos as portas da caminhonete e pulamos um para cada lado da estrada, buscando as árvores mais grossas para escondermos. Silêncio absoluto, armas em ponho, eu com um Colt  Python 357 com o cano ventilado e Júlio Barrabás portava um Smith & Wesson  de cano longo, calibre 38, encontrado junto ao corpo de um garimpeiro assassinado na mata. Esperamos um bom tempo e como nada se movia, saímos cautelosamente  e resolvemos continuar a viagem. Virei a chave e nada de arranque, tentei de novo e nada.

Abrindo o capô, percebi uma coisa muito incomum; Os cabos de velas estavam todos enrolados em torno do distribuidor, que é fabricado para dar no máximo ¼ de volta sobre o seu eixo. E ali estávamos nós, diante de um carburador que dera várias voltas, como se não existisse o ressalto limitador.

Voltamos à pé para a serraria onde fomos recebidos pelo proprietário, um alemão alegre, de ar sereno, sempre pronto para servir, como era natural aos moradores da floresta, que depois de ouvir-nos, convidou-nos para tomar café com pão de caçarola.

Ao saber que eu era o Jorge do projeto de cacau, demonstrou-se preocupado e contou-nos que naquela noite, dormiram na sua serraria, um grupo de garimpeiros, que no bate-papo durante o jantar,  na noite anterior, disseram estar com o firme propósito de matar-me e que para tanto, me esperariam, hoje pela manhã,  nas proximidades da fazenda.

Contamos a ele toda a nossa história e os porquês dos garimpeiros desejarem nos matar, insuflados por falsos colonizadores que buscavam o lucro do garimpo , e de forma inescrupulosa  colocavam os garimpeiros contra nós  agricultores, para inibir nossa presença nas áreas de maior produção de ouro.

Ele chamou os empregados, que já se movimentavam para iniciar as tarefas do dia, apresentou-nos e esclareceu nossa situação, para que todos, a partir daquele dia sabendo da verdade, a divulgassem, para os muitos garimpeiros que ali pousavam, o que contribuiu sobre maneira, para a nossa melhor convivência com a comunidade garimpeira que gradativamente tornou-se nossa amiga e  parceira.

Colocamos o carro no caminhão da serraria com ajuda de um trator equipado com um poderoso guincho e voltamos para a cidade em companhia daquele madeireiro bom e sério que passou a ser um grande amigo.
Ao entregarmos o carro para o mecânico, constatamos que se tratava de um fato impressionante, pois o mecânico não entendia como aquele distribuidor dera tantas voltas sobre o próprio eixo. Segundo ele, no mínimo, foi necessária uma força extraordinária.

Com certeza, esta FORÇA foi mais uma manifestação do  DIVINO ESPÍRITO SANTO na proteção da nossa vida.

Jorge Nei Jamel Edim

Link para o meu perfil.

Link para o perfil de Júlio Carlos Sommerlatt.
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Meu primo, Júlio Carlos Sommerlatt, conhecido como Julinho, nasceu órfão de pai e recebeu o carinho de toda a família e atenção especial do tio solteiro Raynold sommerlatt, conhecido como Renol, que  lhe devotou a atenção de um pai, proporcionando-lhe várias chances para estudar tanto em Teófilo Otoni como em Belo Horizonte.

Júlio, boêmio juramentado, preferiu viver sua adolescência, aproveitando os prazeres em roda de bares e entre as mulheres. Ele contou-me, como uma confissão de arrependimento, que em Belo Horizonte , freqüentava os bares do edifício Maleta, junto com a turma do seu primo, Nuno Sommerlatt Barbosa, conhecido como “Chefe Nuno”,  a quem , acompanhava nas farras mas não o imitava nos estudos, gastando suas mesadas sem nenhum rendimento na escola, tendo que voltar para  Epaminondas Otoni, (Colônia Militar do Urucu ) onde nascera.

Tentou trabalhar no Projeto JARI do milionário Daniel Ludwig, na Amazônia, onde seu primo Wilberto Sommerlatt Barbosa “Diba”, tinha um cargo de chefia,  mas não obteve sucesso.

Eu, que o chamava de Júlio Barrabás, convidei-o para trabalhar conosco no projeto de cacauecultura em alta Floresta no Mato Grosso a 870 km ao norte de Cuiabá-MT.  Foi meu grande companheiro, responsável pela  contabilidade, percorríamos diariamente, desde a madrugada até noite fechada, as áreas de implantação da lavoura que ficavam em três locais diferentes.

Eu, menino de 25 anos, destemido, saudável e muito agitado, levantava-me de madrugada, tomava um cafezinho magro, às vezes só com língua e adentrava na mata densa sem me preocupar com o que ia comer durante o dia. Visitava uma  das fazendas na parte da manhã  e na maioria das vezes, quando os homens paravam para almoçar, eu seguia viagem para outra área, aproveitando o horário de almoço para o deslocamento, aproveitando a tarde para fiscalizar o trabalho, com os trabalhadores  em pleno exercício das suas tarefas. E quando eles paravam para jantar, eu tinha que pegar a estrada, retornando  a cidade para providenciar os materiais necessários para os dias seguintes. A logística não podia falhar, pois se faltasse algum material, vários homens paravam e  o cronograma ia para o brejo.

Barrabás, acompanhou-me no seu primeiro dia de trabalho, não queixou-se, mas no dia seguinte ele me fez um grande favor, que com certeza reflete na minha boa saúde para sempre, passou a preparar a nossa matula com lanches fartos com uma boa garrafa de café e cantil com água fresca. Contou-me então que tinha uma úlcera e que não podia ficar com o estomago vazio por longos períodos.

Estávamos em uma área rica em ouro, e portanto, vivíamos em constante conflito com os garimpeiros e compradores de ouro com um alto índice de assassinato. Barrabás, que durante nossas viagens diárias, ouvia o Programa do garimpeiro, da Rádio Nacional, onde as famílias pediam notícias dos parentes que estavam nos garimpos, passou a pegar os documentos nos bolsos das roupas de todos os mortos que eram encontrados na mata ou nas estradas que davam acesso aos garimpos, e postava-os nos correios, endereçados à Rádio Nacional, com um bilhete descrevendo o local exato  em que o corpo fora encontrado. Segundo ele, era um serviço de utilidade pública.

Num domingo, Barrabás descascava, sentado na cabeceira da sua cama  enquanto eu limpava uma carabina  Magnum 357, descontraidamente o cano da arma apontou pra seu rosto e ele, empurrou o cano da mesma, com as costas da mão, exatamente no momento em que a arma disparou. Eu fiquei paralisado, sem graça , ele que era muito vermelho, ficou branco feito uma cera, Sostênio Tomich que morava conosco, pediu calma, chamou minha atenção para o perigo de manusear arma perto de pessoas e fomos ver a trajetória da bala; Pegou na parede de táboas a 3 dedos da cabeça de Júlio Barrabás, atravessou 3 cms de angelin pedra, atravessou um pilar de madeira dura de 12 cms, pegou na dobradiça de latão do portão que se enrolou como se fosse um papel amassado na mão e subiu num anglo de mais de 45º o que evitou que atingisse uma casa que ficava em frete.

Toda as suas economias, eram guardadas em jóias, fabricadas por Tetéu, um ourives nosso amigo. E sempre que ele ia a Cuiabá, parte das sua jóias ficavam com as mulheres na zona boêmia mais cara do Brasil.

Logo que terminamos de implantar o projeto, me dediquei ao garimpo, fui morar em Serra Pelada e ele voltou para Teófilo Otoni, onde passou a trabalhar com um amigo nosso, Sr. Abdala, na Revena, uma concessionária da Volkswagen, até o dia do seu falecimento.

Que DEUS o tenha Julinho.

Jorge Nei Jamel Edim

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Apeia do carro, Seu Moço,Vem cá.
Vem conhecê meu chão.
Vem vê de perto a natureza
Adonde Deus criô a beleza,
Quando fez este Sertão.

Senta in riba dos arrêio
Desse macho marchadô.
Mai, vamo andá de vagazin,
Amód nóis vê as fulô, no camin,
Donde brinca a beja-frô.

Já vem ropeno a aurora,
A Natureza disperta.
O chêro gostoso de mato,
As água clara do regato
Faiz a abertura da festa.

É o cantá do sabiá,
O piá da juriti,
O grito da maracanã,
Sodano alegre a manhã
Tomém canta um bem-ti-vi.

E um ristin de sereno
Ainda cai lá do céu.
Tem cerração lá na serra
E a mata tudo se incerra
Na brancura deste véu.

Nas paióça, a fumacinha
Sobe pelas chaminé.
Na sala, na camarinha,
Vem chegano da cuzinha
Um chêro fote, de café.

É logo ali que eu moro, óia,
Naquela casa branquinha.
A muié já tá de pé.
Já fez um bule de café
Qui é pa nóis tomá
Cum farinha.

Tem um queijo bem curado,
Tem broa de fubá,
Tem mandioca, tem batata,
Um leite gordo e com nata,
Já veio lá do currá.

Já cumeu? Tá sastifeito?
Antão... vem comigo pu terrêro.
Eu vô aguá minhas prantinha,
Vô tratá das minha galinha
E dos porco, no chiqueiro.

Dispois, 
Eu vô te mostrá meu mundo,
Adonde eu vivo cum prazê.
Vamo passá pelo pomá,
Óia, quanta fruta tem lá,
Cê quisé... pode cuiê.

Aqui fica nossa horta.
Tem legume, tem verdura,
Nosso paió tá chiin,
Tem de tudo um mucadin.
Nóis sempre gozô de fartura.

Pôco arriba da paiada,
Pricipia o cafezá.
Óia o povo trabaiano,
Tá tudo alegre, cantano,
Nem vê o tempo passá.

Iscuita: É a musga chorosa
De um carro de boi, a cantá.
Qui vem cum cana, pro ingên,
Qué dum canaviá queu tem,
Naquela virada de lá.

Chega cá perto da tacha,
Vem prová puxa batida,
É doce puro, sem mistura,
Tirado da cana pura,
Só faz bem pra nossa vida!

Garra a vara, o anzó,
Vamo lá no reberão?
Oi, lá tem cará, tem mandi,
Tem traíra, lambari,
Nóis pega pêxe de montão.

Agora, nóis pega esse arrastão,
Pra vê o mato de perto.
Inhantes qui uma mão criminosa
De gente má, gananciosa,
Faiz tudo virá um diserto.

Óia... Quanta parasita,
Carregadinha de fulô!
Rispira esse chêro gostoso
De tudo que Deus Poderoso
Pra dá pus home... criô.

Senta ai, nas fôia seca,
Qui cobre tudo esse chão.
Vem gozá a tranqüilidade,
Qui nun ixiste na cidade,
Foi feita só pro sertão.

Óia aí... a mina dágua,
Qui nasce no pé da serra!
Cê tá cum sede, meu patrão?
Bebe na concha da mão
A água qui nasce da terra.

Já é hora do armôço.
Vai na bica, lava as mão,
Pega o prato na misinha
Qui a cumida tá quentinha,
Tudo in riba do fugão.

Óia... tem um frango cum quiabo,
Um angu, bem amassado,
Tem arrôiz, côve rasgada,
Tem lingüiça, carne assada,
Um fejãozin bem temperado.

Agora, cê bebe um cafezin
E cende um cigarro de paia.
Vamo chegá na varanda,
Que ali, naquela banda, 
Já tem uma rede de maia.

Enquanto essa rede balança,
Nóis podemo proziá.
Contá causo das boiada,
Lembrlá das coisa passada
Qui nunca mais vai vortá.

Dispois, 
Nóis aparta os bizêrro
Qui tá junto da vacada.
Qué pra amanhã bem cidin
Tirá o leite fresquin,
Mód fazê queijo e cuaiada.

Vamo até na cachuêra,
Lavá o pó desse dia.
A água, tão limpa, tão pura,
Caino lá das artura,
Nos dá frescô... e aligria.

A tarde já vem chegano.
E, cum ela, a passarada.
Qui, com muita canturia
Vai dispidino do dia
Lá no meio da ramada.

Vamo garra na viola?
Tocá uma duas mudinha?
Senta aí, no dregau da iscada,
Prestatenção na tuada
E no são da violinha.

É hora da Ave Maria.
Pru favô, tira o chapéu.
Pela vida e pelo pão,
Vamo fazê uma oração,
Pra Nosso Deus, 
Lá no céu.

Agora, nóis vai dispidi.
Perta essa mão calejada
De um trabaiadô da roça
Qui véve feliz, na paioça,
Nessa terra abençuada!

Vórta lá pra sua cidade.
Mas guarda essa beleza
De um mundo abeçuado,
Onde vive um povo honrado,
Que põe o pão... na sua mesa!


                                 Autor: Compadre Lemos
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