É Deus e a Mãe de Deus...

Numa madrugada comum, de um dia normal, saímos eu, Jorge Edim e  o finado Júlio Barrabás com destino à Fazenda Nova Jurema localizada  a 110 Km de Alta floresta-Mt ,na região de Paranaíta-MT. Naquela época, 1979, na estrada que rasgava na mata, tinha poucos pontos de referência. Depois de dirigir  60 Km, numa curva de 90 graus à direita, tinha o buteco do cearense,  que nos atendia a qualquer hora do dia ou da noite para vender, jabá, sardinha, mortadela e cachaça. Do lado esquerdo da estrada, 15 Km à frente, tinha uma serraria de um gaucho, que laminava a madeira para fazer compenssados. Passamos por ela já com os primeiros raios de luz. Uns dois km adiante, numa pequena descida, a estrada era cortada por um pequeno igarapé. Reduzi a velocidade, engrenei a segunda marcha e assim que as rodas dianteiras tocam a água ouvimos um estampido de carabina. Abrimos as portas da caminhonete e pulamos um para cada lado da estrada, buscando as árvores mais grossas para escondermos. Silêncio absoluto, armas em ponho, eu com um Colt  Python 357 com o cano ventilado e Júlio Barrabás portava um Smith & Wesson  de cano longo, calibre 38, encontrado junto ao corpo de um garimpeiro assassinado na mata. Esperamos um bom tempo e como nada se movia, saímos cautelosamente  e resolvemos continuar a viagem. Virei a chave e nada de arranque, tentei de novo e nada.

Abrindo o capô, percebi uma coisa muito incomum; Os cabos de velas estavam todos enrolados em torno do distribuidor, que é fabricado para dar no máximo ¼ de volta sobre o seu eixo. E ali estávamos nós, diante de um carburador que dera várias voltas, como se não existisse o ressalto limitador.

Voltamos à pé para a serraria onde fomos recebidos pelo proprietário, um alemão alegre, de ar sereno, sempre pronto para servir, como era natural aos moradores da floresta, que depois de ouvir-nos, convidou-nos para tomar café com pão de caçarola.

Ao saber que eu era o Jorge do projeto de cacau, demonstrou-se preocupado e contou-nos que naquela noite, dormiram na sua serraria, um grupo de garimpeiros, que no bate-papo durante o jantar,  na noite anterior, disseram estar com o firme propósito de matar-me e que para tanto, me esperariam, hoje pela manhã,  nas proximidades da fazenda.

Contamos a ele toda a nossa história e os porquês dos garimpeiros desejarem nos matar, insuflados por falsos colonizadores que buscavam o lucro do garimpo , e de forma inescrupulosa  colocavam os garimpeiros contra nós  agricultores, para inibir nossa presença nas áreas de maior produção de ouro.

Ele chamou os empregados, que já se movimentavam para iniciar as tarefas do dia, apresentou-nos e esclareceu nossa situação, para que todos, a partir daquele dia sabendo da verdade, a divulgassem, para os muitos garimpeiros que ali pousavam, o que contribuiu sobre maneira, para a nossa melhor convivência com a comunidade garimpeira que gradativamente tornou-se nossa amiga e  parceira.

Colocamos o carro no caminhão da serraria com ajuda de um trator equipado com um poderoso guincho e voltamos para a cidade em companhia daquele madeireiro bom e sério que passou a ser um grande amigo.
Ao entregarmos o carro para o mecânico, constatamos que se tratava de um fato impressionante, pois o mecânico não entendia como aquele distribuidor dera tantas voltas sobre o próprio eixo. Segundo ele, no mínimo, foi necessária uma força extraordinária.

Com certeza, esta FORÇA foi mais uma manifestação do  DIVINO ESPÍRITO SANTO na proteção da nossa vida.

Jorge Nei Jamel Edim

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