A importância das minhocas para a fertilização e recuperação dos solos já era conhecida  há mais de 2000 anos pelos antigos. O filósofo  Aristóteles definia as minhocas como "arados da terra", graças à sua capacidade de escarificar os terrenos mais duros.
A ciência já catalogou 8.000 espécies de minhocas, todas vivem em terrenos húmidos e pouquíssimas podem ser criadas em cativeiro, nosso estudo é sobre MINHOCA VERMELHA DA CALIFÓRNIA, pois foi na Califórnia – USA, que em 1930 foi desenvolvido o projeto de criação em cativeiro.

Elas podem não ter um visual muito atraente e certamente causam repulsa a muitas pessoas, mas são de fundamental importância para a agricultura. As minhocas, anelídeos da classe oligoqueta, geralmente vivem no solo e podem medir de alguns centímetros apenas até dois metros de comprimento. São animais detritívoros (que se alimentam de detritos).

Estes anelídeos terrícolas vivem entre 8 e 16 anos em média podendo gerar em condições ideais 1.500 novas minhocas por ano, ingerindo diariamente uma quantidade de alimento igual a seu peso e dejetando sob forma de húmus cerca de 70 % do alimento ingerido (HÚMUS, é o excremento da minhoca, originado da matéria orgânica, transformada pela atividade digestiva, e que é o mais completo e rico adubo orgânico existente).

Animal extremamente útil para a agricultura, a minhoca passa sua vida perfurando o solo, descompactando-o e tornando-o mais arejado. Além desse trabalho, a minhoca  ainda "aduba"o solo, ingerindo terra e matéria orgânica e defecando o precioso húmus, produto rico em nutrientes e de fácil assimilação pelas plantas.

As minhocas, verdadeiras micro-usinas de transformação, atuam como verdadeiras engenheiras e químicas notáveis, adubando o solo e abrindo caminhos para a infiltração de água. Desde 1890, WOLNY observou que a atividade das minhocas aumentava consideravelmente o teor de minerais “solúveis”no solo. Esses resultados vieram se confirmando posteriormente por numerosos pesquisadores, ainda que frequentemente de maneira irregular.

Recentemente, conforme os estudos de LUNT E JACOBSON, Quando se compara este excremento das minhocas, o HÚMUS com a camada superior do solo, de 15 centímetros de espessura, vê-se que estes excrementos são, em relação ao solo circunvizinho:

- CINCO VEZES MAIS RICOS EM NITROGÉNIO, SOB FORMA DE NITRATO,
- DUAS VEZES MAIS RICOS EM CÁLCIO TROCÁVEL,
- DUAS VEZES E MEIA MAIS RICOS EM MAGNÉSIO TROCÁVEL,
- SETE VEZES MAIS RICOS EM FÓSFORO ASSIMILÁVEL E
- ONZE VEZES MAIS RICOS EM POTÁSSIO TROCÁVEL.

Surda, muda, cega e sem sentido de direção, a minhoca tem o tato e o paladar bastante desenvolvidos. Ela usa uma espécie de cunha (prostômio) para abrir galerias e alcançar seu alimento, que depois são digeridos e expelidos em forma de bolotas fecais - o valioso húmus -, cuja composição química contém matéria orgânica (42 a 56%), potássio (1,44 a 2,23%), cálcio (5,44 a 7,26%), magnésio (0,88 a 1,32%), ferro (0,82 a 1,84%), fósforo (1,42 a 3,82%), nitrogênio (1,66 a 2,04), manganês (552 a 767), zinco (418 a 1235) e cobre (193 a 313).


De acordo com o pesquisador George Brown, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Florestas, são muitos os benefícios das minhocas para o solo. "A minhoca funciona como um arado natural. Ela faz o revolvimento do solo para baixo e para cima, permitindo aumento da oxigenação do espaço. Outras abrem buracos na superfície que vão ajudar a filtrar a água. Para quem utiliza o plantio direto, caso da maioria das pastagens, (sem arenagem da terra por meio de máquinas), as minhocas são excelentes aliadas", explica o professor, que é líder do projeto "Importância das minhocas para a fertilidade do solo e como indicadoras de qualidade ambiental", que reúne dez unidades da Embrapa, 12 instituições parceiras e participação de 39 pesquisadores.

Brown, depois de longa pesquisa, explica como as minhocas fazem essa "tarefa". "Elas realizam um trabalho de compostagem dos materiais orgânicos no solo. Se alimentam dessa matéria juntamente com a terra e os seus excrementos, que a gente chama de coprólitos ( HÚMUS ), ricos em nutrientes são depositados nas galerias do solo, tornando-o mais saudável." O professor diz que as raízes tendem a procurar por esses coprólitos devido às suas propriedades. "É como se a planta soubesse o que seria melhor para ela. Por ser um material muito rico, a planta procura para se fortalecer. Outro aspecto interessante das raízes é que elas usam os espaços abertos pelas minhocas para se fixar", complementa.




Outro fator citado pelo pesquisador é o trabalho físico, químico e biológico desenvolvido por esses bichos. "Ela (a minhoca), sozinha, consegue realizar um trabalho muito importante para garantir a qualidade do solo. Faz todo o processo físico ao escavar e arar, o processo químico ao selecionar as partículas e comer a matéria orgânica e processando os nutrientes mais ricos, como, por exemplo, nitrogênio, fósforo e carbono, e também o processo biológico, uma vez que ajudam a combater pragas e doenças, como a nematoide, que ataca principalmente as raízes", cita. A minhoca no solo torna as raízes mais resistentes aos ataques de doenças. No caso da macieira, por exemplo, esses anelídeos ajudam a combater um fungo que ataca a árvore enterrando folhas com os esporos patogênicos do fungo, impedindo que se disperse.



RESULTADOS ANALÍTICOS DE AMOSTRAS DE HÚMUS

Esterco de:                     Galinha          Bovino            Ovino             Suíno

PH                                         7,10                7,80                7,60                7,10

AL eq. mg / 100 cc              0,00                0,00                0,00                0,00

Ca eq. mg / 100 cc              5,14                6,98                6,93             10,30

MG eq. mg / 100 cc             7,68                7,39                7,98                9,29

K     ppm                      10.200,00        5.840,00        1.960,00       1.120,00

P     ppm                           268,20           147,50           241,30          248,00

M. O.   %                             25,98              30,60              29,68              32,78

Zn   ppm                            53,90            38,50           192,20          138,50

Cu  ppm                           10,00            32,90                3,10            16,90

Mg  ppm                             77,80             77,80               66,70            66,70

Pe   ppm                            23,10           53,90               25,00            13,50


Fonte:  EMATER - MG



Vantagens das minhocas e do humos:

O HÚMUS apresenta um PH neutro ou ligeiramente alcalino, que corrige a toxidez do solo, o que favorece os cultivos.

Libera as substancias minerais, lentamente e mais assimiláveis para as plantas, o que garante uma fonte de alimentação mais constante no tempo.

Agrega as partículas do solo arenoso, dando maior liga e tornando-as mais resistentes  aos efeitos danosos do vento e das chuvas.

Desagrega e reduz a densidade do solo mais pesado, tornando-o mais solto, facilitando a entrada de água e ar, assim como a penetração e fixação das raízes.

Retém a água no solo, diminuído substancialmente os efeitos das secas, e reduzindo o volume de água necessário nos projetos de irrigação.

Promove a resistência imunológica das plantas, evitando doenças como, por exemplo, a clorose  férrica, aumentando o resultado produtivo.


Melhora consideravelmente o sistema de aeração e drenagem do solo, propiciando plantas resistentes e saudáveis.


Fazendo um canteiro de minhocas

O canteiro de minhocas pode ser feito de madeira, concreto (cimento), arame coberto com plástico, metal, plástico ou cerâmica. Deve ter aproximadamente 0,60 m de largura X 0,40 m de profundidade 5 m de comprimento, pois as minhocas de compostagem tendem a se alimentarem de pé, mordiscando os materiais logo abaixo da superfície. Quanto maior a área da superfície, mais oportunidades as minhocas terão de se alimentarem. O canteiro não deve ter nenhuma base ou, se forem utilizados recipientes de metal ou de plástico, devem-se fazer alguns buracos para drenagem. Um tambor de óleo de 200 litros cortado ao meio ao comprido (e lavado com cuidado) serve como dois recipientes bons. Encha o canteiro exatamente como se estivesse fazendo composto – camadas de restos vegetais e de plantas picadas entremeadas de camadas de estrume e solo. Regue o composto com água e cubra-o com um plástico preto, papelão ou uma esteira de bambu. Mantenha-o sempre umedecido e coberto, pois as minhocas só crescem em condições úmidas e no escuro. Após 1–2 semanas (quando o calor inicial do composto tiver esfriado), faça furos e coloque minhocas ou ovos. Existem cerca de 8.000 espécies de minhocas, e somente algumas (pequenas e de cor vermelha viva) são adequadas para a vermicompostagem. Vale a pena entrar em contato com os serviços de extensão agrícola ou de consultoria locais para ver se é possível obter espécies recomendadas (tais como a Eudrilus euginea e a Eisenia foetida). Você precisará de aproximadamente 50 a 100 minhocas para começar cada caixa de composto. Se você não conseguir encontrar nenhum fornecedor de minhocas para compostagem, tente utilizar minhocas para isca de pescaria ou minhocas comuns de jardim.


Fazendo composto

As minhocas para compostagem comem qualquer tipo de restos vegetais da cozinha. A grama (relva) e as ervas daninhas devem ser secas um pouco antes para evitar que o composto se aqueça demais. Os restos podem ser colocados ao redor das bordas do canteiro, utilizando-se um lugar diferente a cada dia. Eles podem ser revolvidos na terra um pouco para evitar moscas, ou simplesmente deixados na superfície. Após 2–3 meses, os restos vegetais terão-se transformado em um composto fino e muito fértil, e as minhocas terão-se multiplicado rapidamente. Para colher o vermicomposto, empurre-o para um lado e pare de aguá-lo. Coloque o estrume velho no outro lado e mantenha-o úmido. As minhocas irão para o estrume, e você poderá colher o vermicomposto. Continue, então a colocar restos vegetais no canteiro como antes para produzir mais composto.

Proposta de uso mais efetivo da minhoca em pastagens. 
                                               
A aplicação do “HÚMUS” no solo, substitui com grandes vantagens, os adubos químicos, porém o que propomos é a distribuição racional das próprias minhocas no terreno para proporcionar uma constante melhoria na qualidade da estrutura e da composição química do solo que resultará numa pastagem mais rica,  mais volumosa e mais longévula.

Na prática, prepara-se o(s) canteiro(s)  para o cultivo da minhoca e produção do humos,  ( Sugerimos a minhoca vermelha da Califórnia), após a fermentação natural do esterco e com a temperatura normal, coloque uma quantidade de matrizes de minhoca ( 20 dúzias por canteiro) no primeiro metro do canteiro e aguarde a compostagem que ocorre ao mesmo tempo que a multiplicação destes anelídeos (7 vezes a cada 30 dias), observando de perto, até que 2/3 ( 3,5 metros lineares )  do canteiro seja transformado em húmus.

Com ajuda de uma peneira, retire a mesma quantidade inicial de matrizes para a constituição do próximo canteiro. Em seguida, retire todo o restante do material; Esterco ainda não transformado, húmus, minhocas adultas; minhocas jovens e ovos das mesmas, que depois de bem misturado será distribuído pelo terreno na quantidade de 18 litros (1 lata de pedreiro, que deve ser coberto com a terra retirada na abertura da cova) para cada cova ( 40cm x 40cm x 30cm ) com distancia de 100 metros entre covas e 100 metros entre linhas.

A distancia entre covas e linhas baseia-se em pesquisas que concluíram que as minhocas vermelhas da Califórnia se movimentam sob o solo até um raio de 50 metros.
Logo que todo o terreno estiver com as covas cheias, inicia-se a perfuração de covas entre as primeiras, o que reduz o espaço entre elas para 50 x 50 metros, E assim por diante, obedecendo o interesse e as condições financeiras do proprietário. 

OBS:   ESTA TÉCNICA FOI IMPLEMENTADA NA DÉCADA DE 1990, NO SÍTIO VOVÓ CIDA, NO MUNICÍPIO DE DESTERRO DO MELO, NA SERRA DA MANTIQUEIRA EM MINAS GERAIS, NUM SOLO POBRE EM MATÉRIA ORGÂNICA,COM ALTO TEOR DE ALUMÍNIO E MUITO ÁCIDO. O RESULTADO É FANTÁSTICO, COM GRANDE PRODUÇÃO DE CANA E CAPIM NAPIÊ.

JORGE EDIM.







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