GARIMPEIRO
UM OLHAR DIFERENTE
No Brasil, GARIMPEIRO tornou-se sinônimo de marginal,
desordeiro, ilegal e devastador de rios e florestas.
Que
pena!
A grande
mídia convenientemente filma um único garimpo sabidamente ilegal e usa a máxima
de que “contra fatos não há argumentos”.
Venho
pois, em respeito aos milhares de ex-garimpeiros que como eu abandonaram a
atividade por obediência às leis, expor a minha visão sobre a nossa realidade, através
da transcrição do texto que assentei na página 201 do livro “EI! LEMBREI DOCÊ...”,
que lancei em 2018.
“A cadeia produtiva e comercial da indústria joalheira abriga várias atividades
profissionais, a começar pelos garimpeiros, seguidos pelos compradores,
lapidários, empresários (dealers), exportadores, importadores, montadores, corretores, agiotas e
os próprios joalheiros.
Os garimpeiros, até a
década de 1990, representavam uma classe cuja atividade era muito produtiva e
remunerava milhares de trabalhadores que contribuíam enormemente com o PIB
nacional. Em todas as cidades das regiões produtoras de pedras preciosas, milhares
de profissionais liberais, desde fazendeiros, médicos, dentistas, advogados,
contadores e até juízes, faziam suas fezinhas, investindo nos garimpos manuais
de baixíssimo impacto ambiental. Cada um tinha sua turma de garimpeiros e
custeava todas as despesas para que um grupo pudesse trabalhar, e em troca
recebia cinquenta por cento das pedras que esse grupo conseguisse extrair. Os
garimpeiros são homens rudes, persistentes e sonhadores, para quem “o longe,
perigoso e inacessível é um lugar que não existe”. Eles formavam um enorme
contingente de trabalhadores que, no isolamento de matas, túneis, catas e
leitos de rios, eram responsáveis pela maioria 202
esmagadora das gemas produzidas no Brasil, deixando apenas
uma pequena porcentagem da produção sob a responsabilidade das mineradoras
legalmente constituídas, cujos processos mecanizados, com a utilização de
grandes máquinas, provocavam os grandes impactos ambientais. A partir da década
de 1990, os órgãos ambientais começaram a tomar ações radicais, e, na defesa
das leis, começaram a tratar pessoas desiguais de forma igual, exigindo dos
garimpeiros que usavam apenas ferramentas rudimentares, como pás, alavancas e
picaretas, os mesmos procedimentos, licenças e taxas que eram exigidos das
grandes mineradoras, sem considerar a diferença gritante do potencial poluidor
e muito menos o saldo positivo dos benefícios sociais. Esse modelo antigo
promovia o bem-estar social e evitava o êxodo rural através da pulverização de
recursos em dólares, que garantiam a boa qualidade de vida de milhares de
famílias nas regiões produtoras, que eram beneficiadas pelo comércio pujante e
pela prestação de serviços aos turistas estrangeiros que vinham em busca das
nossas gemas, ofertadas em verdadeiras feiras livres por milhares de pais de
família que alegravam as praças das cidades produtoras.”
Para reflexão:
Por que nossos legisladores e dirigentes, há décadas, não
legalizam de forma racional a atividade garimpeira neste país de subsolo tão
rico?
Parabéns meu amigo pelas suas colocações, extremamente sensatas e oportunas!